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» Nas sombras da grande cidade

Há cerca de um ano e meio que grande parte dos meus dias são passados em Lisboa, em consequência do meu exercício de funções parlamentares na Assembleia da República.

Entre as muitas diferenças que noto, na vida quotidiana, relativamente ao que se passa em Évora ou na minha freguesia, São Miguel de Machede, há um aspecto que me tem vindo a intrigar bastante: quase não vejo idosos em Lisboa.

Na realidade, não vejo idosos nas ruas ou nos largos, não os encontro nos cafés ou nos jardins e também não me cruzo com eles nos centros comerciais. Sabendo-se que Lisboa tem uma grande população e que, particularmente no seu Centro Histórico, esta é muito idosa, ocorre-me uma pergunta: onde estão os idosos de Lisboa?

Coloco a questão sabendo, eventualmente, a resposta: os idosos lisboetas estão nas suas casas ou nos lares dos subúrbios. Num ou noutro local, milhares e milhares de idosos residentes em Lisboa encontram-se profundamente isolados. Isolados, no interior dos seus pequenos apartamentos, situados em antigos prédios de difíceis acessos e apertados entre estreitas e inclinadas ruas e travessas, ou então, simplesmente, institucionalizados nos grandes lares dos subúrbios e, consequentemente, subtraídos da vida quotidiana e do convívio da família. De uma forma ou de outra, estão, certamente, isolados e em profunda solidão.

Esta é uma grande diferença relativamente ao nosso Alentejo, onde alguns dos nossos concidadãos com mais idade ainda vão circulando pelas ruas e praças, ocupando os bancos dos jardins, observando o trânsito ou, simplesmente, acompanhando o ritmo de progressão da sombra, nos dias de Verão. Nas noites quentes, ainda é frequente, nas ruas da minha freguesia, ou nas travessas do Centro Histórico de Évora, as pessoas sentarem-se ao fresco, em amena conversa, própria de uma boa vizinhança, mas sempre de olho na brincadeira de algumas crianças.

Em Lisboa já se perdeu esta parte da vida e parece-me que as pessoas se despedem mais cedo da vida. ainda em vida.

16/04/2007

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