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» Ensino superior alentejano

O ensino superior, em toda a Europa, atravessa momentos de grande mudança. Na realidade, a dinâmica de modernização afecta a generalidade das instituições de ensino superior europeias, sendo que, em países com sistemas científicos e formativos mais frágeis – como é o caso de Portugal –, estas alterações têm assumido uma magnitude mais elevada e consequências mais difíceis de assimilar.

A realidade do ensino superior português é, como sabemos, bastante complexa e assimétrica. Coexistem instituições com séculos de história com outras com apenas algumas décadas de vida. As primeiras localizam-se quase exclusivamente no litoral e em territórios de densa demografia; as segundas situam-se, na sua maioria, no interior do país, em territórios de acentuado despovoamento e com nível de desenvolvimento económico e social mais débil.

A par desta dimensão geográfica, a equação do ensino superior português contempla também a existência de dois subsistemas que concorrem, na dimensão formativa: o ensino superior universitário e o politécnico, nas suas vertentes pública e privada. Duas dimensões que têm hoje, de acordo com o actual Regime Jurídico do Ensino Superior (RJIES), missões mais claras e complementares. Se juntarmos a esta realidade, o facto de o país atravessar um período de forte constrangimento financeiro e as consequências de uma acentuada retracção na procura de ensino superior, nos últimos anos (com pequena inversão nos últimos dois anos lectivos), então facilmente se perceberá que a equação do ensino superior português é de complexa e exigente resolução.

Se os considerandos atrás expostos são verdadeiros, então não será difícil concluir que a equação do ensino superior alentejano será ainda mais complexa e de maior dificuldade na sua resolução.

No Alentejo, existem três instituições públicas de ensino superior – a Universidade de Évora e os Institutos Politécnicos de Beja e de Portalegre –, operam instituições privadas – Instituto Piaget e Universidade Moderna –, exercem grande influência instituições de outras regiões contíguas – Institutos Politécnicos de Santarém e de Setúbal, bem como a Universidade do Algarve – e está sempre presente toda a oferta disponibilizada pelas instituições de ensino superior, públicas e privadas, da zona metropolitana de Lisboa. Este é o mosaico alentejano em função do qual temos que reflectir.

A reflexão é óbvia, para mim: não é com base no critério geográfico que o pensamento do ensino superior no Alentejo se deve iniciar. Essa talvez fosse a melhor forma de ficarmos prisioneiros da nossa circunstância territorial, inviabilizando o desenho de uma, dinâmica e capaz, rede regional de investigação científica e de formação. Na realidade, é minha opinião que as três principais instituições públicas de ensino superior alentejanas deverão sentar-se numa mesma mesa e assumirem um desafio: construir, no Alentejo, uma rede científica e de ensino superior de grande qualidade que seja suficientemente capaz de atrair, para a nossa região, os melhores especialistas e os melhores estudantes do país, da Europa e do Mundo. Não pode, nem deve, haver outra bitola. Qualquer outro objectivo de menor dimensão acantonará as instituições alentejanas à nossa difícil circunstância demográfica e económica.

Devemos ser capazes de aproveitar toda a capacidade humana, técnica e física instalada nas três instituições, que foi construída ao longo das últimas décadas, com muito investimento público e muito sacrifício de todas(os) as(os) que abraçaram este desafio, desde a década de setenta. Também devemos ter a consciência de que só seremos suficientemente fortes e competitivos se nos unirmos, esquecendo rivalidades sem sentido, desconfianças resistentes e protagonismos inúteis, nos tempos que correm.

As três instituições alentejanas de ensino superior não deverão competir entre si. A competição interna é fratricida e anulará qualquer tentativa de construir uma rede regional de investigação científica e de ensino superior capaz de ombrear com o que de melhor existe a nível internacional.

O Alentejo não necessita de três instituições de ensino superior que se fragilizam mutuamente e que se vão aguentando, como podem. O Alentejo exige uma forte e competitiva rede regional de investigação científica e de formação graduada e pós-graduada, que faça parte das redes nacional, europeia e mundial, que esteja profundamente relacionada com o sistema económico e social do Alentejo e que se assuma como o mais determinante instrumento de modernização da região.

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